segunda-feira, 18 de junho de 2012







Renascer


O tempo era árido 
Desertificava campo vivo
Transformando-o em sertão
Desse de cangaceiro conhecido

Buscando a caça entrelaçada 
Pelos galhos cheios de espinhos
Das caatingas procurando água
Tentando achar vida
Na ferida da terra.

Como flor de mandacaru
Se curvando ressequida
Derramando sua seiva
Como se sangrasse
Padecendo

Mas bastasse um orvalho
Uma única gota de sereno
Para os ribeiros, açudes e vales
Surgirem como se caíssem do céu.

Destacando o verde por todo o horizonte
Dos mais belos montes
De fendas repletas de
Ninhos com carcarás
Flores de orquídeas
O camaleão, a lebre, o bode, o jumento

Firmando a vereda
Se fazendo primavera
Em qualquer estação
Sempre se vestindo de Tieta.

Essa é o sertão
Vida apaixonada que brota
Sem pedir licença

Numa resistência
Inacreditável



ALLima




Desejo ser


Quero ser Dois 
Talvez Três, Quatro, talvez Cinco
Numeral que nunca seja "Um"
Que nunca esteja só.

Quero ser metade
Ramos de flor
Estojo repleto de lápis

Rabiscar traços casados
Que se cruzam
Conexão
Quero ser paixão


Dessa de fogo
Que arde e absorve
Queimando tudo
Até virar pó.

Seja eu a sorte
Ou encontre a morte
Sendo apenas "Um".

Porque "Um", é o que basta para estar morto
Para estar vivo é preciso mais que UM
Dois, Talvez Três, Quatro, talvez Cinco.


ALLima